A contracultura Hippie
— Movimento organizada por uma juventude rica e formada que recusava injustiças e desigualdades na sociedade americana, mais concretamente a segregação racial.
— Marcaram fortemente os anos 60.
— Em alguns casos de maior radicalidade os jovens hippies abandonavam o conforto dos lares paternos e rumavam para as cidades para ai viverem em comunidade ou estabeleciam comunas rurais como acontecia noutros casos.
— Defendia os valores da natureza, a paz e o amor.
— Opunham-se a todas as guerras e ao uso de armas nucleares.
— Defendiam o conceito de “amor livre” que abrange o sentido de amar o próximo mas também o de praticar uma vida sexual bastante libertária.
— Os hippies apreciavam a doutrina da “não-violência” de Gandhi.
— Era comum o uso de drogas, principalmente químicas, entre os hippies, uma vez que alegavam que as drogas ajudavam a “abrir a mente”.
— Era uma contracultura que vivia intensamente a música.
O principal marco histórico da cultura "hippie" foi o "Woodstock," um grande festival ocorrido no estado de Nova Iorque em 1969, que contou com a participação de artistas de diversos estilos musicais, como o folk, o "rock'n'roll" e o blues, todos esses de alguma forma ligados às críticas e à contestação do movimento.
— O termo derivou da palavra em inglês hipster, que designava as pessoas nos EUA que se envolviam com a cultura negra, ex: Harry "The Hipster" Gibson. Em 6 de Setembro de 1965, o termo hippie foi utilizado pela primeira vez, em um jornal de São Francisco, um artigo do jornalista Michael Smith.
— Roupas de cores brilhantes, e alguns estilos incomuns, (tais como calças boca-de-sino, camisas tingidas, roupas de inspiração indiana)
— Uso de drogas como marijuana, haxixe, e alucinógenos como o LSD e psilocibina (alcalóide extraído de um cogumelo). Porém muitos consideravam o cigarro feito de tabaco como prejudicial à saúde. O uso da marijuana era exaltado mais por sua natureza iconoclasta e ilícita, do que por seus efeitos psico-farmacêuticos;
— Quanto à participação política, mostravam pouco interesse. Eram adeptos do pacifismo e, contrários à guerra do Vietnã, participaram em algumas manifestações anti-guerra dos anos 60. Ir contra qualquer tipo de manifestação política também faz parte da subcultura hippie, que privilegia mais o bem-estar da alma e do indivíduo.
O Festival Woodstock
Como tudo começou
Originalmente, Woodstock seria realizado na cidade homónima, mas após algumas tentativas de negociação, os administradores locais proibiram o festival na região. À frente da empreitada, quatro jovens na faixa dos 25 anos: John Roberts, Joel Rosenman, Artie Kornfeld e Michael Lang. Inicialmente, a ideia do quarteto era fazer um evento para 100 mil pessoas e que custasse até 500 mil dólares. Depois de fecharem o contrato de 50 mil dólares para o aluguer da fazenda de Max Yasgur – que ficava em Bethel, a 80km de Woodstock – eles perceberam que a dimensão do negócio seria bem maior que o imaginado. Logo no primeiro dia, eles viram que não poderiam controlar o público e abriram os dois portões de entrada, tornando o festival gratuito. No final do evento, Woodstock tinha consumido o equivalente a 2,4 milhões de dólares e recebido cinco vezes mais gente do que o público esperado.
Protestos, incidentes e outros problemas
Mas nem tudo foi “paz e amor” em Woodstock. Além de sexo, drogas e rock and roll, a escassez de comida, água, congestionamentos, filas, chuva, lama e falta de condições sanitárias, foram outros ingredientes do festival. A população das cidades do condado de Sullivan – onde fica Bethel – também não gostou nada da agitação. Os mais exaltados realizaram protestos contra a realização do festival. Num deles, até tiros de espingarda foram disparados para afugentar a multidão que cruzava as cidades da região e engarrafava a rodovia que levava ao local do festival
Curiosidades
Bilhetes vendidos: 186 mil
Congestionamento próximo ao festival: 27km
Salsichas e hambúrgueres consumidos no primeiro dia: 500 mil
Telefones públicos: 60
Contentores de lixo: nenhum
Médicos: 68
Enfermeiros: 36
Pacientes atendidos: 6 mil
Mortes: 3
Nascimentos: 3
Casos de internamento por “viagem com LSD”: 400
Pessoas presas por posse de droga: 133
Largura do palco: 24 metros
Polícias que foram embora do local no primeiro dia do concerto: 346
Pessoas que acamparam: 100 mil
Processos legais contra o festival: 80
Alguns depoimentos
Bob Weir - The Greateful Dead
"Chovia a potes, quando nós tocámos. De cada vez que eu tocava na minha guitarra, apanhava um choque. A corrente passava por mim! Então vi uma faísca azul enorme, do tamanho duma bola de baseball que me fez levantar os pés do chão e atirou-me contra o meu amplificador que estava a uns dois ou três metros de distância. Deve ter sido o pior local onde alguma vez tocámos. A carreira de alguns músicos disparou a partir de Woodstock. Nós passámos anos a tentar remediar a coisa."
Roger Daltrey - The Who
"Toda aquela cena era o caos total. O que nos salvou, foi o nascer do sol. Enquanto eu cantava "See Me, Feel Me", o sol começou a espreitar por trás daquela gente toda. Foi o melhor espectáculo de luzes que alguém alguma vez podia ter tido. Era como se fosse uma dádiva de Deus. Saímos dali aos gritos em como tinha sido um concerto fantástico. À velha maneira dos Who".
Joe Cocker
"Cheguei de helicóptero. Saí de lá e conduziram-me directamente para o palco. Só muito depois é que me apercebi que todos os membros da banda tinham tomado ácido e eu era o único gajo que não tinha tomado nada..."
Jimi Hendrix
"Gostei daquela cena da não-violência... a verdadeira essência da música, a aceitação daquela gente que estava ali há tanto tempo à espera. Tinham dormido à chuva e no meio da lama, tinham sido importunados por isto e mais aquilo e mesmo assim saíram dali a falar do sucesso que foi o festival... eles estão cansados dos gangues de rua, estão cansados dos grupos militantes, estão cansados de ouvir a conversa da treta do presidente... Eles querem encontrar uma direcção diferente".
Carlos Santana
“Foi um pouco assustador ir até lá e mergulhar naquele oceano de cabelos, dentes, olhos e braços. Nunca esquecerei o som da música chocando contra aqueles corpos. Nunca se esquece aquele som.
Para a banda, no seu conjunto, foi óptimo. Mas eu procurava lutar por me manter pegado ao terreno, porque tinha tomado uns produtos psicadélicos bastante fortes antes de entrar em palco. Tínhamos chegado por volta das onze da manhã e disseram-nos que não íamos tocar antes das oito. Por isso pensei “hey, acho que vou tomar uns psicadélicos e quando aquilo começar a baixar deve estar na altura de entrar em palco e vou sentir-me bem”. Mas quando eu estava no alto, por volta das duas da tarde, alguém nos veio dizer “se não entrarem agora, já não entram”. Andámos por ali durante toda essa noite e fui testemunha do auge do festival, que foi Sly Stone. Woodstock tinha mais uma vibração espiritual, foi mais uma celebração espiritual. Woodstock significava a reunião conjunta de todas as tribos. Tornou-se evidente que havia muita gente que não queria ir para o Vietname, cujos pontos de vista não coincidiam com os de Nixon nem com nada daquele sistema.
As pessoas que iniciaram o movimento hippie em Haight-Ashbury ensinaram-me a diferença entre negócios e ideais, entre artistas e fraudes. Eles não eram falsos, com aquela gente que usava perucas nos anúncios de velhos êxitos dos anos sessenta. As pessoas a sério eram maravilhosas. Podiam ver-se índios americanos e gente de pele branca apaixonados pela vida. Woodstock era parte disso. Era o mesmo movimento que tirou as pessoas do Vietname e que tirou Nixon do poder."